É uma parceria inusitada, mas não sem sentido. A ideia é criar um chip que combina um processador da Intel com uma GPU da AMD, simples assim. Essa unidade deve ser capaz de lidar com jogos pesados com grau satisfatório de desenvoltura. O desempenho deve ser próximo ou equivalente ao de um notebook gamer parrudo — sem os adornos que caracterizam a categoria, é claro.
Não é novidade para ninguém que o mercado de PCs encolheu consideravelmente nos últimos anos. Hoje, essa indústria é mantida graças a nichos muito específicos, com destaque para o segmento gamer. Pode dar muito certo disponibilizar laptops que atendam a essa categoria, mas também possam ser relevantes para outras aplicações por oferecerem a praticidade dos ultrafinos. A Intel está ciente de que as suas GPUs não podem corresponder ao que se espera de laptops com bastante poder gráfico. Quando o assunto é jogo pesado, você equipa o computador com uma GPU da Nvidia ou da AMD. Não há outro nome. A Intel tem que optar por um lado ou pelo outro, portanto. Mas, considerando o histórico de rivalidade, ninguém pensaria que a escolha seria a AMD. Os tempos são outros. A Nvidia cresce em um ritmo invejável. Além de GPUs, a companhia vem se destacando por vender chips específicos para aplicações de inteligência artificial e tem investido pesado em tecnologias para veículos autônomos, dois mercados que interessam muito à Intel. Sem contar que as duas já se estranharam por questões envolvendo patentes.
Isso não quer dizer, porém, que Intel e AMD vão sustentar uma intensa e duradoura amizade a partir de agora. A concorrência continua. Como explica Patrick Moorhead, da Moor Insights & Strategy, “estrategicamente, a Intel está mais confortável em competir com a AMD do que com a Nvidia”. Para a AMD, a parceria também soa vantajosa. A companhia tem um nome forte em GPUs, em contrapartida, a Intel leva vantagem no segmento de CPUs. Os chips Ryzen devem melhorar a situação da AMD, mesmo assim, é pouco provável que a empresa consiga, em pouco tempo, conquistar espaço expressivo no mercado de laptops ultrafinos. Fechar uma parceria com a Intel é um jeito de chegar a esse nicho de modo mais rápido.
Uma solução chamada EMIB
Os detalhes técnicos ainda não foram revelados, mas sabe-se que a AMD entregará à Intel GPUs customizadas da família Radeon. Trata-se de um modelo de fornecimento que lembra a parceria que a companhia mantém com Sony e Microsoft para disponibilizar chips para o PlayStation 4 e o Xbox One X. Já executivos da Intel disseram à PCWorld que a CPU será uma “evolução” dos chips Core de oitava geração e deverá fazer parte da linha H-series, que é própria para laptops e, portanto, poderá ter TDP de 45 W ou algo perto disso.
A junção, por assim dizer, vai ser feita por meio de um EMIB (Embedded Multi-die Interconnect Bridge), chip capaz de agrupar CPU, GPU e, especificamente neste projeto, memória HBM2. Laptops equipados com o chip deverão ser anunciados já no primeiro trimestre de 2018 com preços entre US$ 1.200 e US$ 1.400. Preços acima da média para a categoria não serão surpresa: estamos falando de equipamentos com alto poder gráfico. Não está claro se haverá mais de um modelo de chip, tampouco se a parceria irá cobrir outros nichos além do segmento de laptops ultrafinos. Mas o primeiro passo costuma ser o mais importante. Vale a pena ficar de olho. Com informações: Wall Street Journal