“Pele artificial” inteligente consegue monitorar a saúde continuamenteEditor de imagens usa IA para “transportar” objetos para outros lugares
A CICERO ficou em 2º lugar entre 19 participantes que participaram de cinco jogos de uma liga online. Esta é a primeira vez que um robô consegue superar pessoas de verdade nas partidas de Diplomacy, até então considerado um game impossível para máquinas por envolver vários aspectos da mente humana. Esse jogo de tabuleiro exige estratégia na criação de alianças com outros jogadores, conversando entre si e convencendo-os sobre a importância de negociar sobre movimentação ou ataques a cidades. É tão popular nos Estados Unidos que profissionais se reúnem presencialmente para disputar torneios desde 1970.
Como a IA conseguiu jogar Diplomacy?
A tecnologia da Meta conseguiu dominar o game como se fosse uma pessoa real jogando via internet. Isso inclui desde o movimento de peças pelo tabuleiro até as táticas de conversa e negociação em benefício mútuo. Na prática, a IA precisou: O desafio da CICERO era conseguir atuar em duas vertentes bem distintas entre si. A primeira era na parte técnica do jogo, executando as ações e fazendo valer as regras a seu favor. A segunda e mais complexa envolvia usar a escrita e a inteligência humana para negociar, usando argumentos lógicos contra os adversários para chegar à vitória pela diplomacia. A máquina precisava usar a linguagem para conversar de modo natural, sem levantar suspeitas, para persuadir os demais. Isso precisava ser feito com muita cautela, porque se o adversário perceber suas reais intenções ou blefes, a estratégia poderia ir pelo ralo. A CICERO demonstrou empatia, construiu relacionamentos e falou como se fosse um expert no jogo. A IA conseguia deduzir a necessidade do apoio de um jogador no futuro, traçando uma estratégia para conquistar sua simpatia antes, com a análise dos riscos e das oportunidades da interação. Essa foi a maneira encontrada para formar alianças que o levaram ao top 2 do campeonato.
IAs em jogos e na vida real
Os jogos são vistos como desafios importantes para novos avanços de AI. O xadrez foi um dos primeiros a receber experimentos semelhantes, mas também já houve iniciativas parecidas com o AlphaGo (no game Go) e blefes em partidas de poker do Pluribus. A questão é que nenhum desses exemplos necessitava de uma interação intelectual com humanos. A máquina apenas calculava as probabilidades e jogava com base nesses dados. Confira uma partida da IA:
“Este é um passo à frente nas interações entre homem e inteligência artificial e marca o início de uma nova era para agentes inteligentes que podem se envolver e competir com pessoas no jogo usando raciocínio estratégico e linguagem natural”, declarou a Meta. Segundo a empresa, uma tecnologia como essa pode gerar assistentes com capacidade de cooperar, colaborar e negociar com pessoas e outros agentes de IA em mundos físicos e virtuais. Em termos de videogame, significaria dizer que os jogos do futuro poderão ter NPCs muito mais críveis, respondendo a perguntas abertas de forma realística e bem pensada, sem depender do tradicional roteiro criado pelos desenvolvedores.
Código da CICERO será aberto
A Meta garantiu que o código-fonte da CICERO será disponibilizado para todos os interessados em colaborar na construção de uma inteligência aprimorada de cooperação humano-IA. As linhas de atuação envolvem a parte técnica da IA e também o uso da linguagem natural, um dos aspectos mais desafiadores. A IA tem um modelo de diálogo baseado em 2,7 bilhões de interações de texto pré-treinadas da internet, testadas com mais de 50 mil humanos em partidas do webDiplomacy.net. Todo esse conteúdo foi sendo absorvido e aprimorado ao longo do tempo para executar ações específicas e desejadas durante o jogo. Embora a tecnologia ainda seja capaz de jogar apenas o Diplomacy, pode ser ampliada para uma aplicação no mundo real. Uma das ideias é reduzir as barreiras de comunicação entre humanos e máquinas, gerando interações mais realísticas para sistemas da web, chatbots e outros pontos de contato. A Meta também tem planos para treinar o algoritmo em didática, o que possibilitaria o uso para ensinar conceitos técnicos ou habilidades para as pessoas como um professor faria. Com a capacidade de processar as informações, a CICERO poderia analisar cada pergunta e trazer as respostas corretas de forma natural. Esse é só o começo de uma IA impressionante que pode mudar muita coisa daqui para frente.