As sucessivas propostas enviadas pela Broadcom estão sendo investigadas formalmente desde a semana passada pelo Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês). Para as autoridades norte-americanas, a efetivação do negócio poderia dar vantagens a companhias chinesas, especialmente no âmbito das futuras redes 5G. O domínio de tecnologias móveis por empresas chinesas é visto como ameaça pelo governo dos Estados Unidos por conta principalmente do temor de espionagem. É por isso inclusive que a Huawei tem encontrado dificuldades para atuar nos Estados Unidos. Para as autoridades, há evidências de ligação da Broadcom com organizações estrangeiras. Boa parte delas seria chinesa. A decisão do presidente Donald Trump tem justamente como base as recomendações do CFIUS. A Broadcom até propôs transferir de vez a sua sede para os Estados Unidos — a companhia tem uma grande unidade na Califórnia —, mas não adiantou.
Como efeito da ordem, as duas companhias deverão abandonar imediatamente as negociações. Além disso, a Broadcom não poderá indicar membros para o conselho administrativo da Qualcomm. Por envolver questões relacionadas à segurança nacional, a decisão de Trump não é considerada um excesso ou qualquer coisa nesse sentido.
Idas e vindas
O flerte da Broadcom se arrasta desde novembro de 2017, quando a companhia ofereceu US$ 103 bilhões pela Qualcomm mais o pagamento de US$ 25 bilhões de dívidas desta. Diante da recusa, a Broadcom aumentou a proposta para US$ 121 bilhões mais as dívidas. Outra negativa. A Broadcom fez então mais uma proposta, só que de US$ 117 bilhões. O motivo do valor menor é o fato de a Qualcomm estar tentando comprar a NXP Semiconductors. Para adquirí-la, a companhia aumentou a sua oferta de US$ 38 bilhões para US$ 44 bilhões.
Por fim, a Qualcomm deu sinais de que estaria disposta a ser vendida se Broadcom aumentasse a sua oferta para US$ 135 bilhões mais as dívidas. Mas aí veio a intervenção do governo dos Estados Unidos. Não está claro se a Broadcom vai tentar uma reação. A companhia apenas declarou que discorda das alegações de que a fusão traria riscos à segurança dos Estados Unidos e que ainda está analisando a decisão. Com informações: CNBC.